9.12.2010

Maria, a Judia


Toda essa loucura aquecida em banho-maria temperava os meus dias lentos, mornos e frágeis. Me trazia qualquer coisa que certamente acentuava as circunstâncias pseudo-caóticas em que eu vivia. Só que essa porra toda ferveu. Mil graus, mano. E tudo ficou mais intenso do que eu sempre achei ser. Tudo parece estar no limite, prestes a transbordar e encharcar tudo de um vermelho negro. A personagem tomou vida pra si e agora anda por aí a causar constrangimento e caos com sua indisciplina e descrença social. Todos à merda! Não há tarja preta que ajuste os parafusos. Eu sempre te achei melhor do que qualquer psicotrópico, baby. Com esse teu jeitinho me-engana-que-eu-gosto você me levou a lugares desconhecidos e também sorriu ao passear no meu inferno usando calcinha cor-de-rosa-comportada. Eu segui todos os rastros que você deixou e caí em todas as suas armadilhas fáceis de prever. É quase suicídio deixar você se jogar em meus braços novamente, mas eu tô aqui pra morrer mesmo. E com toda essa intensidade que se instalou na minha vida, eu não posso abrir mão de ir além e nem deixar de sentir cada milímetro do aço perfurando a carne. Agora, na hora do golpe final, eu não posso fechar os olhos. 

(Wilton Isquierdo)

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